quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Requiem pour l'Erasmus... et que le dernier laisse la porte fermé!




Requiem: palavra de origem latina que refere uma oração católica pelas almas no purgatório. Ou seja, trata-se de um "elogio fúnebre". Claro que neste caso, não é mais que o final de uma fase da minha vida, 8 meses e meio longe da minha casa, da minha família próxima e das minhas amigas. Sei que estive muito tempo sem actualizar este blog, mas preferi aguardar pelo dia 15 de Setembro, dado que faz hoje precisamente um ano que estive presente na minha primeira aula em Malakoff.
À distância de 365 dias, há muita coisa que hoje em dia é muito mais clara do que quando cheguei. E aqui entra a questão principal: o que significa o Erasmus? Depende do ponto de vista, mas a minha resposta pessoal é que o Erasmus foi, para mim, um período de descoberta e auto-conhecimento. Quando fui para lá não sabia o que iria acontecer (como é óbvio), pelo que o princípio seria esperar o inesperado, abraçar cada dia como se fosse o último e desfrutar ao máximo o que me viesse a aparecer pela frente.
Como é óbvio, houve, como há sempre na vida, surpresas e desilusões. Quando tudo acabou, uma coisa é certa, percebi que tinha mudado a minha personalidade, tinha-me deixado moldar pela experiência. No geral, é uma mudança positiva, acabei por me tornar muito mais persistente e ambicioso em relação ao que quero e, de certa forma, acredito mais que tudo é possível se eu quiser do que antes de ir. Porém, como não há bela sem senão, agora também tenho que trabalhar de novo os meus índices de paciência porque, força do hábito de estar muito tempo sozinho, acabo por ter dificuldades em diferenciar a exigência que imponho a mim mesmo e aquela que devo impor aos outros. E as meninas é que sofrem... mas de dia para dia, está melhor.
Olhando para trás, se soubesse de antemão tudo o que aconteceria, teria ido na mesma. E quem me perguntar pela minha opinião, eu incentivarei qualquer um a ir. Há demasiadas coisas boas para deixarmos que as questões e os "ses" que nos assustam de vez em quando nos impeçam de aproveitar ao máximo. Claro que depois, o como aproveitar depende de cada um. Eu tive tempo para namorar, tempo para conhecer 3 cidades europeias que eu não dispensava de conhecer (Paris, Londres e Bruxelas) e ainda consegui regressar sem qualquer impacto negativo no meu percurso académico. Acho que não era possível fazer muito melhor.
Portanto, deixado o elogio à minha opção, digo para o último deixar a porta fechada dado que a foto que podem ver foi tirada no último dia, depois do último exame, já com uma enorme nostalgia, saudades daquilo que havia vivido ainda antes de se tornar passado, memória que acarinho.
PS: como todos sabemos, há músicas que definem momentos, pelo que deixo uma pequena play-list de músicas que se adaptariam ao que foi este ano:
  • Nelly Furtado - I'm like a bird;
  • Bon Jovi - I love this town / Who says you can't go home? / 'Till we ain't strangers anymore;
  • Bruce Springsteen - Working on a dream;
  • Clémence - La vie comme elle vient;
  • Fort Minor - Remember the name;
  • Jena Lee - J'aimerais tellement;
  • Kaiser Chiefs - Ruby;
  • Lorie - Si demain;
  • Mafalda Veiga & João Pedro Pais - Cúmplices;
  • Nickelback - If today was your last day;
  • Red Hot Chili Peppers - Road Trippin'
  • Scorpions - Life is too short;
  • Tina Arena - Aller plus haut;
  • U2 - Walk on;
  • Within Temptation - Memories;
  • 3 Doors Down - Running out of days;

Bom, nos próximos dias vou pensar na reformulação deste blog, mas prometo que este é só o último post da primeira "encarnação" das minhas desventuras! =)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Bruxelles... et quoi?





Ora bem, por onde hei-de começar? Ah, claro, pelo que de mais interessante aconteceu nestes 15 dias em que isto não foi actualizado. Ora vamos lá a ver... ponto central do post, Bruxelas, a capital da Europa. Foi uma bela viagem, mas vamos lá por partes.






À partida a ideia era conhecer a cidade e tentar ver o mais possível em 3 dias. Dessa intenção nasce o primeiro choque: dois dias chegam, Bruxelas é extremamente pequena em comparação ao que podemos ser levados a pensar. Em todo o caso, isso até ajuda, dado que uma pessoa se cansa muito menos ao andar de monumentos em monumentos. A quem lá passe, recomendo vivavemente a Praça Central, onde se encontra o "Hôtel de Ville" e, alguns metros antes, a Bolsa. São dois locais particularmente movimentados e agradáveis à vista. Na sexta-feira tinha combinado um café com a Isabelle, uma moça que conheci no acolhimento, em Setembro, aqui em Paris. Temos uma piada recorrente, que consiste em eu perguntar-lhe se, desta vez, não me trouxe chocolate. Isto porque uma vez experimentei um chocolate que era, digamos... amargo. Bom, desta vez ela compensou-me, dado que puxou-me para uma loja chamada "L'art du Chocolat" (já agora, altamente recomendável) para experimentar um chocolate. Claro que depois acabei por comprar uma caixa deles! (Sim, eu sei, a gula é um dos 7 pecados mortais, mas depois de resistir a todos os outros que outros têm em relação a mim, porque não me deixar levar por este pequeno prazer?) Voltando à história, claro que depois de ter comido o belo do chocolate, a paragem seguinte foi para comer uma waffle tipicamente belga, com recheio de chocolate. Divinal. Para rematar, um belo cházinho verde, óptimo para promover a tranquilidade, o equilíbrio e a calma, sempre tão preciosas... E também aproveitar para pôr a conversa em dia. Nisto o Erasmus é óptimo, conhecemos óptimas pessoas que depois queremos sempre guardar tão perto quanto possível... e que sabemos que estão lá para nós sempre que nós passamos por uma fase má. Adiantando um pouco a história, o sábado foi tirado para passear um pouco por todo o lado, passando pelo Atomium, que fica ao lado do Heysel Stadion. Vi e andei por muitas ruas ali do sítio, o que serviu até para poder ver Bruxelas doutra forma, para lá do que são os postais e os sítios turísticos.






Domingo, dia de regresso, mas com 10h entre o check-out e a partida do TGV, resolvi ir ainda ver algumas partes da cidade e, já agora, fazer umas quantas fotos... O problema foi que a mamã natureza trocou-me as voltas e enquanto eu passeava, ora caíam aguaceiros fortes ora brilhava o sol. Posso garantir-vos que não é nada agradável andar com roupa ensopada e ainda o é menos quando essa roupa seca directamente no nosso corpo... para cair mais uns aguaceiros e voltar a ficar ensopada. Aproveitei para fazer a chamada "European walk", em que no mapa está desenhado um trajecto que, em cerca de uma hora, nos leva a ver vários edifícios da União Europeia. Daí retirei o destaque que o Parlamento Europeu em Bruxelas está situado onde era o antigo jardim zoológico de Bruxelas, fechado em 1872 por... falta de animais(?!) O que, como bom aluno da FDL, recorda-me imediatamente que nesta situação, se perguntarmos "Porquê esta localização?" a resposta terá de ser: "a doutrina diverge". Longe de mim querer levantar suspeitas, mas sinto que os "excelentíssimos" euro-deputados sentem-se bem com aquele parque ali ao lado para comerem as suas "oficialíssimas" sanduíches. E isto porquê? Bem, dado que a doutrina diverge, podemos sempre pensar que se sentiriam perfeitamente adaptados ao ambiente (e por tabela, em vez de serem só animais preguiçosos, passavam a ser uns euro-animais preguiçosos, o que é claramente um estatuto superior) ou então podemos argumentar que o Governo Belga, numa jogada de grande mestria (não sei se flamenga ou se francófona, mas isso não vem ao caso) resolveu dotar a capital da Europa com uma nova forma de zoologia, em que podemos admirar, gratuitamente, novas espécies (como o terrível "rasteirinho lambe-botas" ou o dócil "assessor-faz-tudo") que não só são auto-suficientes, conveniente para não regressarmos ao que aconteceu em 1872, como ainda pagarão pela sua alimentação e estadia (não me perguntem a origem desse dinheiro, não sou vidente!!).






A viagem de regresso foi feita em Classe Comfort (primeira classe meus amigos) no TGV da Thalys. Ora então o que usufruí foi de uma hora e meia num banco isolado, com a tomada eléctrica para poder pôr o computador em funcionamento, acesso ilimitado à internet (mediante registo no site da Thalys) e ainda a possibilidade de rebater o banco para uma sestazinha, se isso fosse possível depois do jantar que já vem incluído no bilhete. Tudo isto por 55€, claro que é sempre melhor a reserva com antecedência. Quanto à qualidade da comida, não é de topo, mas dado que é servida a frio, não é assim tão má como isso.




Hoje fiz o segundo de dois exames em 24h. Foi um pequeno segmento mais "diabólico" mas que agora me permite ter uma semana para estudar para o último exame antes do regresso. Dentro de 15 dias acaba esta aventura de 9 meses...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Prochain arrêt: Bruxelles

E chegam as vacances de printemps, duas semanas em que os exames param e os estudantes deveriam preparar-se para o que falta. Deveriam... mas não serve só para isso. Eu, por exemplo, vou aproveitar para visitar a "capital da Europa", Bruxelas. Nada de especial, apenas 3 dias em que vou ter por companhia uma mochila e um ipod. Claro, vai haver tempo para muitas fotos, para isso serve o facto de ir sozinho. Vou tentar conhecer o máximo de monumentos possível nesses 3 dias.
Quanto aos exames, os dois primeiros já passaram, foram regulares, podiam ter corrido melhor, mas também poderiam ter corrido pior. Vou esperar para ver, dado que aqui os profs nunca dão as notas a seguir aos exames. Espero mais tarde poder dar mais notícias, para já limito-me a fazer a contagem decrescente para o regresso a Lisboa.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Pâques à Paris

Bem, devido a certos problemas técnicos (obrigado Alice...) o acesso à net encontra-se, e assim se encontrará, muito limitado. Dia de Páscoa, refeições em família... não quando se tem uma cidade como Paris para se passear. A ideia deste domingo foi sair cedo, uma mochila com a baguete da ordem (e um iogurte de litro), os ténis certos e o ipod com a bateria no máximo. Aproveitei para dar um saltinho ao Château de Vincennes, que fica mesmo à saída de Paris, no final da Linha 1 do Métro. Daí, segui para o outro lado, para o Grande Arche de La Défense. Aí, constatei um ponto interessante: esse arco está construído de forma a alinhar perfeitamente com o Arco do Triunfo. Mas não era o destino final, eu ainda queria ir ao parque de Montsouris. Acabei por ir, mas com um pequeno desvio pela estação de metro da République (quando se perde o passe, dá nisto...) e aproveitei um certo solito que ali brilhava. Claro que nenhum passeio pode terminar sem comer um belo crepe. E que tal um crepe à beira do lago do parque? Aqueles, por acaso, eram extremamente saborosos. Passeio cansativo, dado que nunca estive no mesmo sítio muito tempo, mas que também soube muito bem.

sábado, 13 de março de 2010

Des plaidories à Malakoff

Aqui há uns dias tivemos aqui em Malakoff o que na nossa FDL chamamos de "simulação de julgamento". Não tive tempo para ver tudo, claro, dado que tinha um atelier para frequentar e, além disso, já estava bastante cansado dado que as quartas-feiras são terríveis. O caso que eu acompanhei tinha contornos... estranhos. Aparentemente era um casal que se entregava às práticas sado-masoquistas e a mulher foi detida após um casal vizinho ter chamado a polícia. A pergunta que se punha era se estávamos perante um caso de vida privada ou de tortura. Não sei qual a equipa que foi escolhida como vencedora pelo júri, mas sei que o início foi bastante atribulado dado que os responsáveis por esta simulação (a ELSA) trocaram a ordem normal em que se começam as alegações. O resultado foi ver um dos intervenientes a começar:

"Freud! Sigmund Freud, definia o sado-masoquismo..."
"Espera espera, houve aqui um pequeno desentendimento, são os outros que têm de começar..."

Coisas que acontecem não é? Bem, ainda tive direito a uma boa notícia. Antes de vir para Paris, o regulamento para a avaliação previa que as notas aqui em Malakoff seriam igualadas à média administrativa que eu tinha dos dois primeiros anos. Assim sendo, fosse 10 ou 15, seria igualado ao 12.6 de média que eu tenho. Agora, com a nova alteração, as notas passam a ser consideradas para a média. O processo é muito simples: resultado em Paris --> conversão em letra --> reconversão em Lisboa. Na prática, as notas são mantidas de forma quase igual, excepto as notas 11, 13 e 15, que são convertidas em 12, 14 e 16. Bem, não perco nada e com um pouco de sorte, ainda fico a ganhar. Já não era sem tempo ter algumas boas notícias!!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Matilde est née!!

Hoje o post é essencialmente telegráfico. Não há nem histórias nem "estórias" para contar, apenas uma novidade que muito me alegra. Quarta feira de manhã nasceu a minha priminha Matilde, primeira filhota do Nuno e da Filipa. Antecipou-se alguns dias à data prevista mas isso é normal, se calhar tava ansiosa por descobrir um admirável mundo novo (ou então não, daqui a uns anos pergunto-lhe...). Mal posso esperar por tê-la ao colo, a foto que já vi dela já me derreteu todo. Claro que vou ter de pedir autorização aos papás, e vá, como eu sou desastrado, é capaz de não ser fácil que eles deixem...

terça-feira, 2 de março de 2010

Ça fait 6 mois...

O tempo realmente corre muito mais depressa que à primeira vista poderia sugerir. Faz hoje seis meses que cheguei a Paris. Ainda está muito fresca a memória daquela viagem de comboio, dado que chegar a Montparnasse com 21h de viagem em cima (ou 22, se contarmos com a diferença horária) e ainda andar à procura das linhas de metro, andando mais morto que vivo pelo cais fora tem um efeito muito possante na memória. Bem, em todo o caso, a retrospectiva é claramente positiva. Houve coisas que me surpreenderam pela positiva, outras pela negativa, pessoas que deixaram memórias boas e que já não voltei a ver como outras que tive de conviver sem que necessariamente isso fosse um prazer.
Quanto à escola, foi uma aposta ganha esta aventura, tanto pela riqueza de conhecimentos que se adquire como também pelo convívio com os novos métodos, que acredito que me poderão dar uma melhor preparação quer para o próximo ano quer para a própria vida profissional.
No plano pessoal, acho que a aventura que é este Erasmus irá prolongar-se bem para lá do regresso a Lisboa. Quando cheguei vinha preocupado em limitar-me a lamber as feridas que algumas situações haviam deixado e depois ir deixando tudo andar, ver o que aconteceria e só depois tomar decisões. Mas há acasos e horas felizes, no meu caso então isso ainda é mais verdade porque tudo começou com um simples atraso para uma aula (coisa que eu odeio...). E hoje é um namoro que caminha tranquilamente para o seu terceiro mês. Com passos pequenos e seguros, eu e a Elodie aproveitamos o que o presente nos dá de bom e deixamos as preocupações (adivinhem quais... não é complicado) para quando esses momentos chegarem. E apesar de estar longe de tanta gente que me é tão querida, ainda assim consigo encontrar momentos felizes em Paris. Claro, está mais perto o final do que o princípio desta fase... mas esta decisão de estudar em Paris já lançou outras raízes que irão perdurar bem para lá destes meses. Os dados estão lançados...
"Faço-me à estrada, não penso em mais nada
O que será de mim?
Uma história em que o princípio
Mais parecia o fim..."